Um estudo, publicado na terça-feira, 10 de março, no Smoking Day, do King’s College London, destaca o “claro benefício” de usar cigarros eletrónicos diariamente para parar de fumar e apoia a sua eficácia, em comparação com outros métodos de parar de fumar, incluindo terapia de reposição de nicotina ou medicamentos, como bupropiona ou vareniclina.
Embora os cigarros eletrónicos já existam há mais de uma década, as evidências sobre sua eficácia para ajudar as pessoas a parar de fumar ainda são limitadas. Estudos recentes produziram resultados inconsistentes ou não conseguiram medir fatores importantes, como a frequência de uso ou o efeito de diferentes tipos de cigarro eletrónico nas tentativas de parar de fumar.
Nesta investigação, financiada pelo Cancer Research UK, os investigadores analisaram dados de uma pesquisa online, com acompanhamento do percurso de cessação tabágica em cinco entrevistas, realizadas entre 2012 e 2017 e com 1.155 pessoas, que incluía fumadores, ex-fumadores que haviam deixado de fumar um ano antes de completar a pesquisa, e utilizadores de cigarros eletrónicos.
Os investigadores analisaram a eficácia dos cigarros eletrónicos em ajudar a abstinência tabágica, tendo considerado a abstinência de tabaco num período de um mês, quer o seu início fosse no arranque da investigação ou em qualquer período do acompanhamento.
Publicado no dia 10 de março, na revista Addiction, o estudo descobriu que as pessoas que, diariamente, usavam um cigarro eletrónico recarregável (sistema aberto) para deixar de fumar, tinham cinco vezes mais probabilidade de se abster do consumo de tabaco, em comparação com aquelas que não usavam nenhum suporte para deixar de fumar.
Da mesma forma, pessoas que usaram um cigarro eletrónico descartável ou cartucho (sistema fechado) diariamente, tinham três vezes mais probabilidade de parar de fumar, em comparação com aquelas que não usavam nenhum suporte.
O Dr. Máirtín McDermott, pesquisador do King’s College London’s National Addiction Centre e principal autor do estudo, refere:
“Os nossos resultados mostram que, quando usados diariamente, os cigarros eletrónicos ajudam as pessoas a parar de fumar, em comparação a nenhuma ajuda. Essas descobertas estão de acordo com pesquisas anteriores, mostrando que os cigarros eletrónicos são uma ajuda mais eficaz para parar de fumar do que a terapia de reposição de nicotina e medicamentos prescritos.
É importante medirmos rotineiramente a frequência com que as pessoas usam cigarros eletrónicos, pois vimos que o uso mais esporádico no acompanhamento – especificamente de tipos recarregáveis – não estava associado à abstinência”.
A Dra. Leonie Brose, leitora do National Addiction Centre do King’s College London, acrescenta que:
“Apesar da postura cautelosa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação aos cigarros eletrónicos, estudos como o nosso mostram que são uma das soluções mais eficazes para parar de fumar.
A OMS está especialmente preocupada com os cigarros eletrónicos recarregáveis, pois eles podem permitir ao utilizador adicionar substâncias nocivas ou níveis mais elevados de nicotina. No entanto, esta investigação demonstra que, em particular, os cigarros eletrónicos recarregáveis (sistemas abertos), quando usados diariamente, são uma ajuda muito eficaz para parar de fumar, e que essa evidência deve ser levada em consideração em qualquer orientação futura sobre o seu uso.”
A utilização diária de cigarros eletrónicos também foi mais eficaz para parar de fumar do que outros métodos de cessação tabágica – incluindo terapia de reposição de nicotina, medicamentos como bupropiona ou vareniclina, ou qualquer combinação dessas ajudas.
Nenhum desses métodos foi associado à abstinência de fumar no acompanhamento, em comparação com o uso de nenhuma ajuda. No entanto, numa análise secundária, a prescrição de medicamentos foi associada a, pelo menos, um mês de abstinência de fumo.